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Duchess of Islands

Duchess of Islands

Andamos a brincar às ditaduras e parece-me que isto vai dar merda.

Visitei o twitter do deputado André Ventura e assustei-me.

Ditadura. É isso que pretende um deputado português e um dos candidatos às eleições Presidenciais. Falo de André Ventura, claro está.

Admiro o político André Ventura. Não é qualquer um que sai de uma força política ( a segunda maior, por sinal), funda o seu próprio partido e é eleito. Há mérito aqui, mas acima de tudo há uma grande falta de vergonha e de respeito pelos valores democráticos. O André Ventura ficará na História deste país não por ser brilhante, mas por ter conseguido chegar ao Parlamento à custa de ataques às minorias e de contradições flagrantes, mas que não são detectadas pelos seus apoiantes, sabe-se lá porquê!

Nos últimos dias o twitter do deputado tem estado no centro das atenções, pelos piores motivos.

No dia 2 de Junho 2020, escreveu o seguinte:

E preparem-se, porque se o CHEGA vencer as eleições, ofender polícias, magistrados ou guardas prisionais vai dar mesmo prisão. E o Twitter deixará de ser a bandalheira que é, pelo menos em Portugal.

A internet reagiu, como seria de esperar. Isto é uma clara ameaça de censura, ao estilo de Donald Trump. Atenção que eu não questiono a parte de ser justo ou não punir ofensas a terceiros. Mas não é só a polícias, magistrados e guardas prisionais! Eu, enquanto cidadã e contribuinte deste país, não quero ser ofendida. Mas para isto, basta a justiça ser eficaz e célere. Não precisamos do Ventura.

Quanto ao Twitter, trata-se de uma plataforma internacional, privada e com as suas regras e políticas. Não fica bem a um agente político - muito menos a um candidado às eleições presidenciais - ameaçar interferir na plataforma só porque o seu eleitorado não está lá.

O deputado viu que tinha ido longe demais e no dia 3 de Junho 2020 esclareceu:

 

Censurar? Nós queremos é igualdade. O que existe hoje é que as publicações de ódio aos polícias e magistrados são intocáveis, mas quando se diz que foram ciganos que mataram um negro no Seixal , as publicações são apagadas ou bloqueadas.

 

Não, o Sr. Ventura não quer igualdade. Quer é tempo de antena para incitar ao ódio contra minorias. Aliás, é mesmo isso que faz no seu tweet.

 

Alguns artistas insurgiram-se contra as afirmações do deputado André Ventura. Agir, cantor e produtor musical bem conhecido, escreveu «Aproveito já para dizer, enquanto posso, que és uma merda**»

 

O deputado não gostou e respondeu no dia 3 de Junho 2020:

Nem era preciso censura para acabar contigo. Bastava um pouco de bom gosto musical para ninguém ouvir ou ver esses vídeos de tatuado armado em gangster efeminado.

 

Penso não ser necessário explicar o papel da arte nas nossas vidas, e mesmo no próprio processo democrático. Para vos dar um "cheirinho", relembro que houve em tempos quem não gostasse do magnífico cantor que ousava dizer "eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada". Mais! Quando André Ventura se dirige a um artista como "tatuado armado em gangster efeminado" revela não pretender ser um Presidente de todos e para todos, que é o que se espera do Presidente da República. Uma coisa é representar uma facção da sociedade, outra coisa bem diferente é representar a República Portuguesa.

O Agir não se deixou ficar e respondeu no Instagram: «Ok, não está péssimo péssimo, mas estava à espera de mais. Acho que precisa de um ghostwriter para os insultos que está a ficar fraquinho. ‬ ‪P.s.: És uma Merda‬», ao que Diogo Clemente acrescenta nos comentários:

«YESSSS YESSSS YESSS😂😂😂😂 Um sujeito que se propõe chegar a um posto de comando e que anda a responder a posts. Quando tivesse que lidar com política internacional e assuntos de Estado com seriedade ia jogar playstation, provavelmente. @agir eu não estava à espera de mais. Eu conheço-o como pseudo-comentador de futebol, que é o que é. Não, desculpa, segundo parece tb é consultor financeiro numa empresa dedicada à gestão de offshores, fugas fiscais, etc. Tudo coisas próprias de um bom representante para os portugueses🤔🤔👎👎🤏🤏».

 

Parece que a Carolina Deslandes também escreveu qualquer coisa sobre o assunto, tendo obtido a resposta:

Faltava a Deslandes. Agora os pseudo artistas saíram todos do armário para criticar o CHEGA e o André Ventura. Quando viverem no mesmo prédio de algumas minorias e souberem o que é a vida, eu dou-lhes mais atenção.

 

Sabem aquela mãe que vai ver a parada e, no seu entender, só o seu filho marcha bem, enquanto todos os outros estão com o passo trocado? Faz-me lembrar o Chega e o seu líder, que é o único correcto neste mundo de loucos.

Mas não é de agora que o André Ventura ataca a cantora Carolina Deslandes. Recordemos que, em Julho de 2019, o político reagiu a um texto partilhado pela cantora, que pretendia ser feminista, da seguinte forma:

"Ser feminista não é ser p***. Ser feminista não é ser ordinária ou apelar à vulgaridade. Carolina Deslandes já nos habituou à exibição excessiva - por vezes desagradável - do seu próprio corpo”

Isto é de loucos!

Já disse e repito: O Ventura é um produto do sistema corrupto e incapaz. O André Ventura existe porque todos nós permitimos. Permitimos quando nos recusamos a levantar o cu do sofá para exercer o nosso dever de voto; sim, dever! Permitimos quando olhamos para as publicações deste político e não levamos a sério, até porque "ele não chega lá" como muitos pensam. Amigos, ele já lá está, no Parlamento Português! Ele representa alguns de nós e isso é preocupante! Ele ganha votos, porque é populista e demagogo, e porque se aproveita da ignorância de alguns. Quando o deputado do Chega propôs a castração química, sabia de antemão que era inconstitucional, que não seria aprovada! O homem é da área do Direito! Agora, mesmo sabendo que não passaria, André Ventura tinha consciência de que lhe ficava bem propor uma medida desta natureza, porque "defende as vítimas e não os criminosos", porque "está do lado certo". Oh caramba, estamos todos, mas isso não implica passar por cima da Lei!

Antes de dizerem que o homem toca com o dedo na ferida, que diz o que todos pensam, lembrem-se que em 1939 começou um conflito em que morreram milhões de pessoas, porque um senhor também pôs o dedo na ferida e também disse o que muitos pensavam.

Eu sou mulher, cidadã e mãe. Quero um país melhor e mais justo para mim e para a minha descendência. Mas não quero, em momento algum, ameaças às liberdades e garantias de todos os cidadãos portugueses. Mais fiscalização, mais justiça e mais educação. Menos censura e racismo. Segregação não é o caminho a seguir.

 

Os políticos deste país têm de acordar. São, em grande parte, responsáveis por toda esta situação. A extrema-direita está a crescer em Portugal devido à incompetência da classe política portuguesa, que favorece alguns em detrimento dos interesses nacionais!

E nós também, cidadãos e eleitores, temos de acordar antes que seja tarde demais!

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